sábado, 15 de março de 2008

Vestibular: Profissionais e Boçais ( Klaus Mersbacher ou mechebarro)


É chegada já a hora. Um ano inteiro transcorrido até a derradeira fase – a cuca deitada sobre fórmulas, números, movimentos, teorias, momentos de heroísmos e insídias. Agora, toda a sorte do mundo elevada ao cubo está sendo julgada. Alternativas, múltiplas escolhas, cinco possibilidades que atestam um destino. E as deveras horas passadas sob o crivo atencioso do julgado, “Preparei-me durante a vida, desde o berço até o despeito, tenho de ser agraciado, contemplado com o aval dos vencedores”, e o tronco é cravejado com todas as expectativas - dos papais, dos amigos, das meninas de vestido, do ego, do brilho – as expectativas que se transformam, durante o percurso, em lancinantes agulhas.Então, na hora agá, o almejado tento: Suor, suor, suor... Alheio àquele tormento, dorme o governo, que confunde educação com educamento, num trato de enleio, quando este deveria ser severo, porém inteiro para todos e, assim, recebendo a alcunha de democrático, e não apenas demo. A risada que dói, sobretudo se o tento não vingar a promessa. A lágrima que é um eco, caído à aluvião, devido ao corte dos milhares de jovens e outros uns que querem ser médicos, arquitetos, diplomatas, engenheiros, economistas, agrônomos, cientistas químicos, advogados, publicitários – as profissões condicionadas ao esmero para com a práxis, nesta hora que já deixa de ser agá a esta altura da dissertação, para não dizer do desabafo, quando as lágrimas enchem baldes e molham camisetas pretas, com estampas de famosas bandas, as ilusões perdidas replicando outras – já dizia a literatura francesa.O réu pensa, “Já se vão dois anos, centenas de caixas de cerveja desperdiçadas, inúmeros finais de semana negados, horas taciturnas isoladas no quarto, o quarto que há algum tempo odeio, já que eu queria mesmo era estar longe desta ditadura e ir morar em alguma república, não agüento mais as palestras, não entendo como eu, um dos únicos exemplares desta geração que não consome erva, não consigo que o vestibular me glorifique, devo ser retardado, coisa do destino talvez, sinto-me envergonhado”. Note que o desvio da erva é, sobretudo, uma ironia.E isso passou pela cabeça toda do citado figura, naquelas horas... Quatro horas decisivas, preparadas, avisadas, prévias. O olhar deitado sobre as páginas, as questões, “Vou começar pela matéria que eu mais proprietário transpareço”, e assim foi que o suor começou a correr, o frio fluído, as costas dos pulsos enxugando a testa molhada, “Esta aqui eu não sei, Esta outra eu tenho dúvida, Minha resolução não consta na resposta, Estou confundindo os contextos, Eu não prestei atenção no rumo psicológico daquele personagem, Maldito Machado!, Maldito Newton!, Maldita querela esta que agora enseba minha galhardia”. No final destes dias, a merecida cota de alegria – “Pinga! - que somente esta destilada pode aquecer um pouco o frio que corre em minhas espinhas”, e aí é um desvario merecido, salvadas as satisfações para os papais financiadores dos sonhos. “Nunca, em nenhum momento da história, foi tão longe a distância entre o que se é o que se pretendia ser” - o julgado leu esta frase poética na camiseta preta de um campeão, aquele que havia sido recompensado com o aval, aquele que já havia passado pelo trote e pelo sofrimento intenso desta romaria, os louros agora que chamavam a vista do julgado e empolgavam-no a tentar novamente, como lembrou dizer um dia Raul Seixas, seu maior ídolo, “Tente outra vez”, e organizou seu espírito prometendo não deixar escapar o próximo tento.“Feliz ano novo!”, disse o campeão – mas para aquele reprovado, o ano novo seria velho – de novo. E dá-lhe mais daquilo que é o mesmo para estes milhares de detentos que cometem o delito de querer subir a escada social nesta acachapante competição nacional.

De um grande amigo nosso cabeçudo pseudo gênio da literatura brasileira.

Postado por: Renan tg e Felipe Silvano.

Saudade Big head!

http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=7077758294503491070

4 comentários:

Soraia Alves disse...

Simplesmente amei...
Reee, perfeito!
Cara d veradde deu adorei...foi esse amigo de vcs q escreveu???
olokooooo o cara tem futuro...
e eu q achava q escrevia bem,kkkk!

Mto bom mesmo...soh nao vo ler d novo com mais atenção pq meu horario aki na Lan house da praia tah acabando...hahahahaha

Beijooo ^^

.Maah* disse...

Nhé.
Ótimo texto.
de verdade.
e veem cá, o cara tá em qual faculdade?
Beeeeeijo. Blog legal.
.Maah*

AR disse...

Beeelo texto.
"toda a sorte do mundo elevada ao cubo está sendo julgada"
=)

Klaus Merschbacher disse...

tô emocionado...